segunda-feira, 24 de setembro de 2012

3º Setor




            Na tentativa de unir a dependência química e as questões do terceiro setor, suas relações ficam parecendo um tanto desconexas, porém o terceiro setor vem para atender as necessidades mais emergentes da sociedade civil, e a dependência química tem sido um dos problemas mais graves que afeta a sociedade em geral, não apenas nas questões de saúde, mas também interferem na segurança pública, nas questões relacionadas ao próprio gerenciamento de capital, resultando não apenas em problemas sociais, mas interfere em todas as esferas da vida em sociedade de um local.
             As organizações do terceiro setor são aquelas que são provadas, não governamentais, sem fins lucrativos, autogovernadas, de associação voluntária (cf. Acotto e Manzur, 2000:4) .
O terceiro setor vem desempenhando um papel que é de responsabilidade dos governos,vem para resolver um problema entre o público e o privado, porém, não tem a mesma autonomia que pretende, nem ideológica, muito menos financeira dos mesmos. O Estado seria o primeiro setor, o mercado o segundo setor e a sociedade civil o terceiro setor, o público sendo identificado como Estado e o Privado como o mercado seria o público não estatal, porém seus conceitos ainda não são bem claros. Tendo em vista que a sociedade civil é quem produz as instituições, o próprio Estado e mercado, podemos entende-lô como um novo setor que vem para dar as respostas que supostamente o Estado já não pode dar, e que mercado também não procura dar. “ Uma coisa é o conceito hegemônico de terceiro setor e outra, muito diferente, é o fenômeno real ”.
            “Tão incerto quanto à origem é sua evolução conceitual." Pois o Terceiro setor desde seu surgimento vem sido ligado ao conceito de filantropia, ou até mesmo caridade, afinal vem desempenhando algumas das funções do Estado perante a sociedade, que são nossos direitos, que na verdade podem ser vistos como um retorno de todos os impostos que pagamos. E com a dependência Química não é diferente, sendo vista como um problema social de grande impacto, que interfere fortemente na saúde, educação, segurança de toda sociedade, é, ou deveria ser de responsabilidade do Estado, porém foge do seu alcance fazer ações eficazes, ou até mesmo propostas de mudança com foco e dedicação social, transferindo sua responsabilidade mais uma vez para o terceiro setor, para as clinicas privadas de saúde, para as associações religiosas, ou para as organizações em comprometimento com a dependência química.
            Dentro das questões do terceiro setor, podemos observar duas grandes tendências teórico-politicas, a tendência regressista e a tendência de intenção progressista, e são unidas pelos temas de relação entre estado e sociedade, justiça social, igualdade, liberdade, política, economia, publico e privado. As duas tendências vem com o objetivo de retirar ao máximo, o Estado, deixando a realidade social, política e econômica aberta aos seus atores sociais, sem interferência do Estado.

            A tendência regressista, mais conservadora, quer como âmbito regulador das relações sociais, o mercado, enquanto a tendência de intenção progressista visa á sociedade civil.
A tendência regressista fica muito frágil ao  sistema capitalista, mesmo sistema que regula o tráfico de drogas, pois esta tendência além de ter como foco principal o mercado, ela acaba gerando muitas diferenças de classes, concentrando o poder de capital nas mãos de poucos, enquanto a tendência progressista tem foco na própria sociedade, vê a mesma como autora de sua história de vida.  A dependência química de certa forma se encaixa nestas duas tendências, pois além de todos os fatores externos que levam o sujeito á droga, ele ainda é o protagonista de sua história. Porém essas escolhas relacionadas a dependência química, produzem uma grande movimentação econômica, e nestes casos, o capital acaba sendo o regulador da própria sociedade, como na tendência regressista.
            A dependência química sempre existiu, começando fortemente pelo uso do álcool, ou até mesmo de acordo com muitas culturas no uso de medicamentos ou plantas nativas, o que muda hoje em dia, é a sua intensidade, suas causas, e seu forte envolvimento com outros segmentos da vida, como a economia, a violência, e tantos outros fatores capazes de mudar totalmente o rumo das pessoas envolvidas com as drogas. Juntamente com a evolução destas substâncias vem à evolução dos tratamentos, começando com a evolução do pensamento humano em relação a essas comorbidades, fazendo com que o próprio homem fosse buscar entender as causas, as consequências, maneiras de tratamento e prevenção da dependência química, hoje já considerada e vista como doença, ou seja, responsabilidade e dever do Estado, porém o mesmo direciona sua responsabilidade, e quem acaba assumindo é o próprio Terceiro Setor.