segunda-feira, 19 de novembro de 2012

A sociedade civil como arena de lutas no processo de transformação social


              
            Carlos Montaño autor do livro Terceiro Setor e Questão Social aborda a vida cotidiana como algo decorrente da sociedade civil e que ultrapassa a mesma, havendo em cada esfera um tipo diferente de cotidiano. Para o neoliberalismo a cotidianidade ideal é aquela onde a sociedade se encontra flexível a seus interesses, concentrada na "preocupação" e na "ocupação" deixando de lado o trabalho, as lutas sociais ou qualquer tipo de enfrentamento. O autor defende a transformação da sociedade civil em uma arena de lutas de enfrentamento ao imediatismo e a alienação.
 
         Segundo o filósofo húngaro Lukács: "a vida cotidiana é insuprimível", algo expecífico e fundamental para a existência do ser social. O cotidiano está sempre presente e é construído e recriado pela história no decorrer dos anos.
       
Percebeu-se então, a necessidade da participação ativa da sociedade nos processos das lutas sociais. Sendo essa a única maneira de sairmos de uma sociedade civil acomodada, alienada e completamente dominada pelas elites sociais. Iniciando com o enfrentamento ao sistema neoliberal de reestruturação social e a longo prazo resultando na transformação da ordem. A busca se faz pela emancipação humana, uma efetiva modificação social.
    A vida cotidiana, baseada na análisa lukacsiana é determinada por sua heterogeneidade, onde não apenas se solidificam fenômenos e processos, mas também são representados interesses diversos; por sua imediaticidade, sem intermediações, de forma direta e "ativista"; superficialidade extensiva, respondendo o conjunto de situações singulares, mas sem considerar as relações que as vinculam.
       O capital busta alienar todos os membros da sociedade em todos os espaços existentes para que possa se reproduzir e para isso invadirá não somente o mundo do trabalho, como também as relações comerciais do mercado, as atividades políticas, a sociedade civil e até mesmo a vida privada. Enquanto não houver essa dominação, ainda haverá tempo e espaço para que áreas se tornem contra-hegemônicas, pois esse tipo de capitalismo tardio irá buscar manipular o comportamento das pessoas em todas as suas dimensões.
     
As ONGs surgiram com o intuíto de apoiar os movimentos sociais nas lutas contra a exploração e a opressão vivida pela sociedade da época. Porém, com o passar do tempo as ONGs passaram de coadjuvantes para atores principais, assumindo o que era papel dos movimentos sociais e seus membros se transformaram de "funcionários" para "militantes". Uma ONG passa a ter mais credibilidade junto a população do que um movimento social que acabam abraçando a causa, fazendo com que o próprio necessitado trabalhe em causa própria voluntariamente. Outra mudança realizada foi referente ao tratamento com o Estado, deixando de lado o enfrentamento que era realizado ao lado dos movimentos sociais, agora o foco passa a ser a parceria.
   Sabemos que atualmente a hegemonia burguesa toma conta de grande parte da sociedade, principalmente nas esferas estatal, do mercado e da linha de produção. Partindo dessa realidade, temos a sociedade civil como uma zona privilegiada pra a consentração de uma arena de lutas de classe, pela hegemonia e contra a alienação da população e triunfo do capital.

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